quinta-feira, 14 de abril de 2016

PERGUNTAS QUE SE FAZ CONTINUAMENTE...

164 – Todos os Espíritos experimentam, no mesmo grau e durante o mesmo tempo, a perturbação que se segue à separação da alma e do corpo?
- Não, isso depende da elevação de cada um. Aquele que está purificado se reconhece quase imediatamente, visto que já se libertou da matéria durante a vida física, enquan­to que o homem carnal, aquele cuja consciência não é pura, conserva por tempo mais longo a impressão dessa matéria.

165 – O conhecimento do Espiritismo exerce influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?
- Uma influência muito grande, uma vez que o Espírito já compreendia antecipadamente a sua situação. Mas a prática do bem e a pureza da consciência são os que exercem maior influência.

No momento da morte tudo, a princípio, é confuso. A alma necessita de algum tempo para se reconhecer. Ela se acha como aturdida e no estado de um homem que despertando de um sono profundo procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam à medida que se apaga a influência da matéria da qual se libertou, e se dissipe a espécie de neblina que obscurece seus pensamentos.

A duração da perturbação que se segue à morte do corpo varia muito; pode ser de algumas horas, de muitos meses e mesmo de muitos anos. É menos longa para aqueles que desde sua vida terrena se identificaram com o seu estado futuro, porque, então, compreendem imediatamente a sua posição.

Essa perturbação apresenta circunstâncias particulares, segun­do o caráter dos indivíduos e, sobretudo, de acordo com o gênero de morte. Nas mortes violentas, por suicídio, suplício, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito é surpreendido, espanta-se, e não acre­dita que morreu e sustenta essa ideia com obstinação. Entretanto, vê seu corpo, sabe que esse corpo é seu e não compreende porque está separado dele; acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não compreende porque elas não o ouvem. Essa ilusão perdura até a inteira libertação do perispírito e, só então, o Espírito se reconhece e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de impro­viso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou. Para ele a morte é ainda sinônimo de destruição, aniquilamento; ora, como ele pensa, vê e escuta, não se considera morto. Sua ilusão é aumentada pelo fato de se ver com um corpo de forma semelhante ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar; ele o crê sólido e compacto como o primeiro e, quando chamam sua atenção para esse ponto, admira-se de não poder apalpá-lo. Esse fenômeno é análogo ao dos so­nâmbulos iniciantes que não acreditam dormir. Para eles o sono é sinônimo de suspensão das faculdades; ora, como pensam e veem, julgam que não dormem. Certos Espíritos apresentam essa particularidade, embora a morte não lhes tenha chegado inesperada­mente; todavia, é sempre mais generalizada naqueles que, apesar de doentes, não pensam em morrer. Vê-se então, o singular espetáculo de um Espírito assistindo aos próprios funerais, como se fora um estranho e deles falando como de uma coisa que não lhe dissesse respeito, até o momento em que compreende a verdade.

A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem; é calma e em tudo semelhante à que acompanha um despertar tranquilo. Para os que não têm a cons­ciência pura, ela é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à medida que ela se reconhece.

Nos casos de morte coletiva, tem se observado que todos os que perecem ao mesmo tempo, nem sempre se reveem imediatamente. Na perturbação que se segue à morte, cada um vai para o seu lado ou se preocupa apenas com aqueles que lhe inte­ressam.



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