quarta-feira, 28 de junho de 2017

O Espiritismo em Bordeaux


Se Lyon fez o que se poderia chamar o seu pronunciamento em face do Espiritismo, Bordeaux não ficou atrás, porque quer também tomar um dos primeiros lugares na grande família. Pode-se julgar pelo relato que damos, da visita que acabamos de fazer aos espíritas dessa cidade, a seu convite. Não foi em alguns anos, mas em alguns meses, que a Doutrina ali tomou proporções imponentes em todas as classes sociais. Constatamos, logo de início, um fato capital. É que lá, como em Lyon e em muitas outras cidades que visitamos, vimos a Doutrina encarada do mais sério ponto de vista e sob o das suas aplicações morais. Ali, como alhures, vimos inumeráveis transformações, verdadeiras metamorfoses; caracteres hoje irreconhecíveis; gente que em nada cria, trazida às ideias religiosas pela certeza do futuro, para eles agora palpável. Isto dá a medida do espírito que reina nas reuniões espíritas, já muito multiplicadas. Em todas as que assistimos, vimos o mais edificante recolhimento e um ar de mútua benevolência entre os assistentes. As pessoas se sentem num meio simpático, que inspira confiança.
 
Os operários de Bordeaux nada ficam a dever aos de Lyon. Ali se contam numerosos e fervorosos adeptos, cujo número aumenta todos os dias. Sentimo-nos feliz em dizer que saímos de suas reuniões, edificados pelo piedoso sentimento que as preside, bem como pelo tato com o qual sabem guardar-se contra a intrusão dos Espíritos enganadores. Um fato que constatamos com satisfação é que homens, por vezes em posição social eminente, se misturam aos grupos plebeus com a mais fraterna cordialidade, deixando os títulos à porta, assim como simples trabalhadores são acolhidos com igual benevolência entre os grupos de uma outra classe social. Por toda parte o rico e o operário se apertam as mãos cordialmente. Disseram-nos que essa aproximação dos dois extremos da escala social entrou nos hábitos da região e nos felicitaram por isto. As pessoas reconhecem que o Espiritismo veio dar a esse estado de coisas uma razão de ser e uma sanção moral, mostrando em que consiste a verdadeira fraternidade.
 
Encontramos em Bordeaux muito numerosos e muito bons médiuns em todas as classes, de ambos os sexos e de todas as idades. Muitos escrevem com grande facilidade e obtêm comunicações de alto alcance, o que, aliás, os Espíritos nos haviam revelado antes de nossa partida. Não se pode senão elogiá-los pelo devotamento com que prestam seu concurso nas reuniões. Mas o que é ainda melhor é a abnegação de todo o amor-próprio a respeito das comunicações. Ninguém se julga privilegiado e intérprete exclusivo da verdade. Ninguém procura impor-se nem impor os Espíritos que os assistem. Todos submetem com simplicidade o que obtêm ao julgamento da assembleia, e ninguém se ofende nem se fere com a crítica. Aquele que recebe falsas comunicações consola-se aproveitando as boas que outros obtêm e dos quais não têm ciúmes. Dá-se o mesmo em toda parte? Ignoramos. Constatamos o que vimos; constatamos, também, que se compenetraram do princípio de que todo médium orgulhoso, ciumento e suscetível não pode ser assistido por bons Espíritos e que nele tal capricho é motivo de suspeita. Longe, pois, de buscar tais médiuns, se são encontrados, a despeito da eminência de sua faculdade, eles seriam repelidos por todos os grupos sérios, que querem, antes de tudo, ter comunicações sérias, e não visar os efeitos.
 
Entre os médiuns que vimos, há uma que merece menção especial. É uma jovem de dezenove anos que à faculdade de escrevente alia a de médium desenhista e músico. Ela fez mecanicamente, sob o ditado de um Espírito que disse ser Mozart, a notação de um trecho de música que não o desacreditaria. O Espírito assinou a partitura, e várias pessoas que viram os seus autógrafos atestaram a perfeita identidade da assinatura. Mas o trabalho mais belo é, sem contradita, o desenho. É um quadro planetário de quatro metros quadrados de superfície, de um efeito tão original e tão singular que nos seria impossível dar uma ideia pela descrição. É trabalhado em creiom preto, pastel de diversas cores e esfuminho. O quadro, começado há meses, ainda não está terminado. É destinado pelo Espírito à Sociedade Espírita de Paris. Vimos a médium à obra e ficamos maravilhado, tanto com a rapidez quanto com a precisão do trabalho. Inicialmente, como treino, o Espírito a fez traçar, com mão livre e num único movimento, círculos e espirais de quase um metro de diâmetro e de tal regularidade, que se encontrou perfeitamente exato o centro geométrico. Nada podemos dizer ainda do valor científico do quadro. Mas, admitindo seja uma fantasia, não deixa de ser, como trabalho mediúnico, coisa bem notável. Como o original tinha de ser enviado a Paris, o Espírito aconselhou que o fotografassem, para ter várias cópias.
 
Um fato que devemos mencionar é que o pai da médium é pintor. Como artista, acha que o Espírito contrariava as regras da arte e pretendia dar conselhos. Assim o Espírito o proibiu de assistir ao trabalho, para que a médium não lhe sofresse a influência.
 
Até há pouco tempo a médium não havia lido nossas obras. O Espírito lhe ditou, para nos ser entregue à nossa chegada, que ainda não estava anunciada, um pequeno tratado de Espiritismo, com todos os pontos em conformidade com o Livro dos Espíritos.
 
Seria presunção enumerar os testemunhos de simpatia que recebemos e as atenções e delicadezas de que fomos objeto. Certamente haveria com que excitar o nosso orgulho, se não tivéssemos pensado que era uma homenagem prestada antes à Doutrina do que à nossa pessoa. Pelo mesmo motivo tínhamos hesitado em publicar alguns discursos pronunciados e que realmente nos deixam perplexos. Fazendo sentir nossos escrúpulos a alguns amigos e a vários membros da Sociedade, disseram-nos que esses discursos eram um indício da situação da Doutrina e que, sob tal ponto de vista, era instrutivo para todos os espíritas conhecê-los; que, por outro lado, sendo as palavras a expressão de um sentimento sincero, os que as tinham pronunciado poderiam sentir-se magoados, se por um excesso de modéstia, nos abstivéssemos de reproduzi-las. Poderiam ver nisto indiferença de nossa parte. Sobretudo esta última consideração nos determinou. Esperamos que os leitores nos julguem um espírita suficientemente bom para não trair os princípios que professamos, fazendo deste relato uma questão de amor-próprio.
 
Desde que transcrevemos esses diversos discursos, não queremos omitir, como traço característico, a pequena alocução recitada com uma graça encantadora e um ingênuo entusiasmo por um pequenino de cinco anos e meio, filho do Sr. Sabò, à nossa chegada ao seio dessa família realmente patriarcal, e sobre a qual o Espiritismo derramou a mancheias suas benfeitoras consolações. Se toda a geração que se ergue estivesse imbuída de tais sentimentos, seria permitido entrever como muito próxima a mudança que se deve operar nos costumes sociais e que, de todos os lados, é anunciada pelos Espíritos. Não penseis que aquela criança haja feito a sua pequena saudação como um papagaio. Não. Ele captou-lhe muito bem o sentido. O Espiritismo, no qual foi, por assim dizer, embalado, já é, para a sua jovem inteligência, um freio que ele compreende perfeitamente e que sua razão, desenvolvendo-se, não repelirá.
 
Eis o pequeno discurso do nosso amiguinho Joseph Sabò, que ficaria muito triste se não o visse publicado:
 
“Sr. Allan Kardec, permiti que a mais jovem de vossas crianças espíritas venha neste dia que ficará para sempre gravado em nossos corações, exprimir-vos a alegria causada por vossa vinda ao nosso meio. Ainda estou na infância, mas meu pai já me ensinou que são os Espíritos que se manifestam a nós; a docilidade com que devemos seguir seus conselhos; as penas e recompensas que lhes são atribuídas, e daqui a alguns anos, se Deus assim o permitir, também quero, sob vossos auspícios, tornar-me um digno e fervoroso apóstolo do Espiritismo, sempre submisso ao vosso saber e à vossa experiência. Em troca destas poucas palavras, ditadas por meu pequeno coração, conceder-me-eis um beijo, que não ouso pedir?”


 
(Revista Espírita, novembro de 1861)

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Sobre o Progresso Espiritual – (Bertrand Russel)

Na sessão do dia 30 de agosto de 2016, havíamos estudado o texto da Revista Espírita de fevereiro de 1864 – Dissertações espíritas – "Estudos sobre a reencarnação", e havíamos ficado com uma dúvida relativa à seguinte afirmativa feita por Kardec em seu comentário à dissertação do Espírito: "É assim que, de um mundo material como a Terra, pode ir habitar um mundo superior, como Júpiter, se seu avanço moral e espiritual for suficiente para dispensá-lo da passagem pelos graus intermediários.”

Evocamos nosso professor Allan Kardec e lhe fizemos a seguinte pergunta:

1. Caro mestre, gostaríamos de compreender melhor em que consiste o adiantamento moral e o espiritual a que se refere Kardec no último parágrafo do texto que estudamos, e como discernir um e outro.

Eis a resposta que recebemos:

"Embora possais eventualmente usar como sinônimos esse dois progressos, no texto citado era necessário deixar claro que são progressos distintos, pois relacionam-se a aspirações diferentes. O progresso moral advém da compreensão das leis de Deus e do desejo de relações sociais que possam tornar o mundo o melhor possível. Por isso, as leis dos homens devem ser leis morais, se se quiser uma vida melhor neste mundo. Notai que não precisa crer-se Espírito para desejar um mundo melhor; porém, aquele que deseja progredir como Espírito deve expandir suas aspirações e almejar mais do que a moralização do mundo pela mudança de seu comportamento; deve desejar as moradas felizes, a vida dos Espíritos superiores, acrescentando ao seu bem proceder essa nova aspiração; deve dar à vida material um valor relativo, usufruindo dela apenas o necessário para atingir o objetivo a que está destinado por Deus: progredir como Espírito imortal e aspirar a suprema felicidade, que é ser Espírito puro. Pode-se dizer então que o progresso espiritual seria conhecer a verdade para viver de acordo com a verdade, não mais circunscrito a um mundo, mas na plenitude da unidade Divina."

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GEAK - Sessão do dia 22/11/2016

Nesta sessão nós relemos a resposta reproduzida acima e fizemos mais algumas reflexões sobre o tema, que nos tem despertado vivo desejo de compreender melhor. 
Na sequência evocamos o Espírito de Bertrand Russell, para ditar uma dissertação sobre o progresso espiritual, que ele já nos havia prometido. Ele ditou o seguinte:

Amigos, sinto-me feliz pelo chamado, e sou grato pela consideração que guardam por mim. Depois de organizar melhor as minhas ideias sobre o tema, sinto-me mais seguro de, agora, ditá-las ao médium e de submetê-las a vocês, espíritas. Agradeço especialmente aos Espíritos que me ajudaram a ter noções mais justas sobre o progresso espiritual, entendido, é bom que se diga, na perspectiva que estavam debatendo desde há algumas semanas, diferindo-o essencialmente do progresso moral.

No começo do seu progresso, em mundos ainda imperfeitos, o Espírito experimenta uma forma de ignorância não viciosa e de uma simplicidade não virtuosa, mas pouco a pouco as reencarnações vão lhe auxiliando a desenvolver uma diferenciação progressiva em relação ao que ele era no momento em que foi criado. Bem se vê que na fase inicial mão invisível o sustenta e o guia até que, pela experiência, a verdadeira responsabilidade lhe pese sob os ombros e seu livre-arbítrio já esteja suficientemente desenvolvido para que sofra as consequências de suas escolhas. Aos poucos sua consciência já o adverte, e embora suas noções de bem e de mal ainda precisem de muitos aprimoramentos, já incide sobre ele a justiça de Deus, com relação aos seus próprios atos e de acordo com o seu conhecimento das coisas. É então nesse momento que uma segunda forma de ignorância – o desprezo voluntário daquilo que já se sabe sobre o bem – pode fazer-se predominante, com exceção dos Espíritos que desde o começo se decidem pelo bem.

Inicia-se, então, a luta que caracteriza o progresso moral, marcada pelo esforço por dominar as más inclinações, esforço esse que permite que novas aspirações possam lentamente surgir. Na medida em que sua consciência se amplia, pelo conhecimento do bem e dos deveres sempre crescentes que ela lhe impõe – porque o bem sempre se amplia indefinidamente, na medida em que o Espírito se habilita a voos mais altos – o homem é chamado a empreender uma luta contra suas imperfeições, seus fantasmas interiores, por vezes mais tenazes que os maus Espíritos que o rodeiam, porque o assombram ininterruptamente. Esse processo finda com a eliminação dos ditos fantasmas, que cessam de exercer predomínio sobre as consciências inseguras, receosas e incertas do que é o bem e das vantagens de escolhê-lo.

Neste ponto o Espírito já deseja o bem de todos, importa-se com seu semelhante e esforça-se sem descanso para fazer-lhe o bem, mas muitos progressos ainda lhe faltam até o pleno gozo daquilo que intitulo de suas faculdades divinas. O progresso espiritual, então, funda-se na necessidade de complementar o progresso moral, a fim de dar cumprimento ao mais profundo ensinamento do Cristo, ensino que eu, em minha última existência terrena, não compreendi: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Deve, assim, o Espírito elevar-se ainda mais, fazendo da aspiração de unir-se a Deus, por um amor lúcido e racional, o seu móvel, a sua marca, o seu objetivo. É desse modo que o Espírito logra ascender cada vez mais a moradas mais purificadas, de maneira que possa assumir um dia as tarefas nos conselhos do Onipotente, tomando, em definitivo, o lugar que lhe cabe na obra da criação.

Após as considerações precedentes, um conselho lhes deixo: elevem-se, amigos; cultivem o solo de suas almas para que as sementes que estes sábios Espíritos vêm delicadamente lançar sobre todos, germinem e produzam bons frutos. Logo mais, vencidas as dificuldades morais que nos têm caracterizado, logo ali, digo eu, porque hoje eu posso sondar a imensidão, todos poderemos, ascendendo a montanha do progresso espiritual, gozar do pleno amor de Deus; então, teremos realizado o objetivo para o qual fomos, desde a nossa origem, criados.”

Adeus, amigos. Até breve! Russell Psicografada em 22/11/2016.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Bertrand Russell - Entrevista sobre vários assuntos

Bertrand Russell
Entrevista sobre vários assuntos

 
Como dissemos no primeiro artigo que publicamos sobre a passagem de Bertrand Russell ao mundo dos Espíritos, tivemos outras conversas instrutivas com esse Espírito. As conversas que reproduzimos abaixo tratam ainda da sua situação atual como Espírito, da sua fé, da sua felicidade.

A primeira evocação havia sido feita por um médium do grupo na intimidade, mas agora queríamos evocá-lo no grupo. Assim, na sessão do GEAK do dia 29 de setembro de 2016 consultamos nosso presidente espiritual Santo Agostinho para saber se seria oportuna e útil a evocação do Espírito de Russell no grupo, e recebemos a seguinte resposta:

"Meus amigos,


O Espírito de Bertrand Russell poderá ser evocado por vós e será útil. Quando na Terra, Russell se inquietara para tornar este mundo um lugar mais justo e bom para se viver, ocupando-se com causas importantes para a vida neste planeta, mas foi depois da sua passagem ao mundo dos Espíritos que o seu círculo de ideias se estendeu, e novas aspirações desabrocharam em sua intimidade. Sua alma se comportou como a boa semente, que tinha em si um potencial divino, mas precisava de melhores condições para germinar e florescer; chamai-o, amigos, e ele virá de bom grado comunicar-se convosco.
"

Santo Agostinho.

Psicografada em 29/09/2016.

Observação: como havíamos tratado de outros assuntos, e já era tarde, deixamos para evocar Russell na sessão seguinte.

GEAK - Sessão do dia 04 de outubro de 2016

Antes da evocação lemos o item 282 do Livro dos Médiuns, cap. XXV - Das evocações - Questões sobre as evocações, do qual destacamos a 20ª questão:

20ª Para os Espíritos, a evocação é uma coisa agradável ou penosa? Eles vêm com satisfação quando chamados?

Isso depende do caráter deles e do motivo com que são chamados. Quando é louvável o objetivo e quando o meio lhes é simpático a evocação é para eles uma coisa agradável e mesmo atraente; os Espíritos se sentem sempre felizes pela afeição que lhes testemunhamos. Alguns há para os quais representa grande felicidade se comunicarem com os homens e que sofrem com o abandono em que são deixados. Mas, como já disse, isto igualmente depende dos caracteres deles. Entre os Espíritos também há misantropos que não gostam de ser incomodados e cujas respostas se ressentem do seu mau humor, sobretudo quando chamados por pessoas indiferentes, pelas quais eles não se interessam. Um Espírito nenhum motivo tem, muitas vezes, para atender ao chamado de um desconhecido que lhe é indiferente e que quase sempre é movido pela curiosidade; se ele vem, suas aparições, em geral, são curtas, a menos que a evocação vise a um fim sério e instrutivo. (O Livro dos Médiuns - Segunda parte - Das manifestações espíritas, cap. XXV - Das evocações - Questões sobre as evocações).

Evocação do Espírito de Russell.

Iniciamos dizendo ao Espírito estas poucas palavras: Antes de tudo, nós agradecemos por atender ao nosso chamado. O nosso propósito é nos instruir sobre temas relativos à vida espírita, e desejamos aprender com a sua sabedoria. Solicitamos ao nosso presidente espiritual que o ajude a escolher o médium mais próprio neste momento para lhe servir de intérprete. 

Havíamos elaborado as perguntas com antecedência, e as propusemos ao Espírito, que as respondeu por psicografia:

1. Que mundo o Sr. habita hoje, como Espírito?

- A Terra.



2. Poderia nos dizer se teve outras existências aqui na Terra, além da que foi Bertrand Russell? Se teve, fora também ateu?

- Sim, e me preparo ainda para voltar à Terra.



3. Já tendo tido outras existências, como, ao encarnar, não trouxe a intuição da imortalidade da alma, da existência de Deus? Ou havia uma intuição que se apagou com a vida na matéria?

- Eu trazia em mim a intuição de Deus... Essa força, dentro de mim, ansiava por respostas e cheguei a procurá-las, mas não consegui encontrar nada que fosse satisfatório, e fui abafando a intuição que trazia comigo. Também via que a crença de muitos espiritualistas não os tornava melhores, e julguei que seria dispensável a crença em Deus para a felicidade.



4. Na sua comunicação que lemos hoje, o Sr. diz ter conversado com Espíritos superiores. Poderia nos dizer se eles vinham até o Sr. ou o Sr. ia até eles?

- Pude ir até eles. O Universo é um oásis sem limites para quem quer aprender. Podemos visitar os mundos, conhecer Espíritos sábios, dialogar com eles.



5. Quando na Terra, não teve oportunidade de conhecer o Espiritismo?

- Ouvi falar do Espiritismo, mas nunca o estudei a fundo; eu o considerava uma superstição, como tantas outras.



6. Poderia nos esclarecer sobre as condições de seu perispírito, quando saiu da perturbação após a morte?

- Vou tentar ser claro, mas o médium tem uma ideia preconcebida sobre o assunto. Eu estava vivo, reconheci que era eu mesmo, mas estava leve, limpo... Meu perispírito tinha uma aparência mais bela, eu havia rejuvenescido, e pude me locomover com facilidade.



7. Que conselhos o Sr. daria a este grupo, que o admira e respeita?

 - Posso dizer hoje a vocês que o trabalho para a depuração do Espírito é pela fé ativa, como dizem esses bons amigos; procurem desenvolver essa fé que supera os obstáculos interiores, as muralhas do orgulho, que vence o amor próprio. Quero também dizer que o triunfo de uma ideia se percebe pelos seus efeitos, e somente quando uma pessoa se esforça para vivê-la é que poderão, os que estão ao seu redor, melhor se convencer de que esta ideia pode levar a ações mais nobres e justas, a uma vida ética. 

Pensem nisso, e contem sempre com o amigo,
 
Russell.

 Psicografada em 04/10/2016
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Na sequência, recebemos os seguintes esclarecimentos do nosso presidente espiritual Santo Agostinho:

"Ainda muito jovem, Russell confrontou as ideias disponíveis sobre Deus com sua razão, e tornou-se incrédulo porque nada parecia alimentar o seu intelecto, tomando como quimeras e fantasias todos os sistemas religiosos que pôde conhecer. Atravessou a prova da incredulidade, o que não o impediu de cultivar em sua alma ideias liberais e muito justas sobre a moral e a vida em sociedade; embora não tivesse aspirações espirituais, mantinha um senso investigativo que também o caracterizou para além da matéria. Não tendo ainda migrado para mundos superiores, pôde ainda assim visitá-los, porque dispõe de liberdade para isso, e segue hoje buscando ideias e desenvolvendo recursos para voltar novamente à Terra e trabalhar ainda mais pelo seu progresso e pelo dos homens em geral. Russell aspira, na equação da sua próxima existência, somar a fé humana com a divina, e deseja obter resultados cada vez maiores de liberdade e de amor a Deus. Se ainda vai se encarnar em vosso mundo, o faz sem desânimo e consciente de que dependerá dele mesmo utilizar da encarnação para depurar-se e deixar a Terra porque não necessitará mais dela, de modo a matricular-se em outra escola, mais aprimorada e mais perfeita."

Santo Agostinho.

 Psicografada em 04/10/2016.

GEAK - Sessão do dia 11 de outubro de 2016.

Para esta sessão preparamos mais algumas perguntas a serem dirigidas ao Espírito que iríamos evocar, como segue:

Foi-nos dito, na primeira comunicação que recebemos e julgamos ser de sua autoria, o seguinte: Venturoso é aquele que encontra seus amores e dialoga com seus pares: uma nova Matemática, uma nova Filosofia, um novo saber científico, uma nova expressão do amor.



1. Poderia nos falar um pouco sobre o que seria essa nova expressão do amor?


2. O Sr. fora dedicado estudioso de várias áreas do conhecimento científico, mas não admitia a sobrevivência da alma. Poderia nos dizer de que maneira os conhecimentos adquiridos, quando no corpo, contribuíram para sua felicidade como Espírito?


3. Se foi o Sr. que se comunicou quando o evocamos na sessão anterior, poderia nos dizer a que se deveu a dificuldade de desenvolver melhor as repostas, e mesmo deixar de responder a algumas questões?

Após a evocação, o Espírito escreveu a seguinte comunicação, sem se ater a cada pergunta, mas respondendo-as em sequência:

"Amigos,



Encontrando hoje melhores condições, quero responder a contento as perguntas que me foram dirigidas.
 Ainda habito a Terra, mas posso visitar outros mundos, outros sistemas, outras galáxias; para aqueles que, mesmo imperfeitos, desejam se instruir verdadeiramente e carecem de claridades novas, Deus oferece essa possibilidade, mas para habitar um mundo melhor é necessário alcançar uma espécie de maturidade espiritual e uma cidadania moral que ainda não possuo; a cada um cabe desenvolver condições próprias que o habilitem a uma liberdade mais ampla, e o credenciem a voos mais altos, belos e instrutivos.


Quando estive no corpo, busquei todas as ideias que estavam ao meu alcance sobre Deus, o destino, a imortalidade, mas tudo o que encontrei não parecia saciar minha sede; mesmo o Espiritismo, que conheci superficialmente, tomei como uma superstição infundada; com o tempo, fui-me acostumando com uma espécie de aridez espiritual, e julguei que a crença na imortalidade fosse dispensável para a felicidade humana. Combati muitas das ideias espiritualistas por julgá-las como quimeras, invencionices que alguns homens contam às crianças rebeldes com intenção de educá-las.

Em outras existências eu já havia dedicado meu tempo à religião e havia forjado uma fé, embora vacilante; todavia, minha convicção foi sendo abalada pela força das evidências que eu julgava possuir, e que indicavam que tudo aquilo em que um dia acreditei era absurdo; minha incredulidade foi construída com mais força na existência que vocês conhecem, mas confesso que o espírito do ateísmo, bem no fim da minha vida, já estava perdendo a força que tinha nos anos idos; morri desejando a vida, mas com a esperança, como disse a vocês, de que algo novo, uma vida nova, se abriria diante de mim.
 Hoje a aridez de minha alma cedeu, e tenho buscado beber na fonte que um dia dessedentará a humanidade; eu sempre acreditei na bondade, na justiça, no amor, e mais do que nunca esses valores atraem meu Espírito, com a diferença de que agora eu busco pô-los em prática para me aproximar desse Deus que até hoje, confesso, ainda me surpreende.


A nova expressão do amor é uma categoria, uma manifestação especial do amor, manifestação essa até então desconhecida para mim: o amor de Deus, que deve dar vitalidade aos nossos ideais; que deve ser combustível para que sacrifiquemos nossas paixões grosseiras, para que nos movimentemos com mais inteligência e vontade pelo bem do nosso semelhante. Esse amor que parte de uma relação genuína, profunda e legítima com Deus, eu não possuía, eu não conhecia.


O que meus anos de vida me permitiram aprender, os conhecimentos que desenvolvi, me ajudaram a apreciar melhor as coisas; a razão, como dizem vocês, se exercita com a prática, o raciocínio se aperfeiçoa por exercícios reiterados; a matemática e a lógica me ajudaram sobremaneira a utilizar melhor o juízo, a dominar melhor meus pensamentos, a não desistir de solucionar as questões, por mais complexas que fossem; as ciências, de uma forma geral, me inspiravam o desejo de conhecer mais, de me manter inquieto para investigar a vida material; mas foi a filosofia que me ajudou a buscar uma vida ética e a me questionar sobre o que deveríamos fazer para que a vida valesse a pena; eu não estava sozinho, como hoje não estou, e meus colegas seguem me ajudando a fazer uma investigação mais justa da realidade que me cerca e a transformá-la por meios éticos e constantes.


A dificuldade que enfrentei na comunicação anterior se deu porque o médium mais próprio a transmitir meus pensamentos opôs certa resistência, mas hoje aqui estamos, felizes pelo chamado, amigos, e esta oportunidade é motivo de gratidão a Deus e a esses sábios Espíritos, diante dos quais sou apenas aprendiz.
 Pela exiguidade do tempo, despeço-me dos amigos; poderei voltar outras vezes, para responder outras perguntas. Prometo ainda ditar uma dissertação sobre o progresso espiritual, mas irei meditar bem antes de fazê-lo; procurarei beber um pouco mais nas fontes puras da sabedoria, e voltarei para compartilhar com vocês o que pude aprender.

Aquele que foi na Terra,

Russell.
"

Psicografada em 11/10/2016.

Observação: O médium que serviu de intérprete na entrevista anterior, no dia 4 de outubro, estava inseguro, pois acreditava que outro seria o médium escolhido pelo Espírito, o que dificultou de certa maneira a captação clara das respostas dadas. Reproduzimos aqui os dois diálogos porque julgamos útil fazer constar que as comunicações com os Espíritos não são isentas de dificuldades e de escolhos, mas que isso não nos impede de obter boas instruções, se persistirmos.
 Visto em http://ipeak.net/ - 01/06/2017