Na
sessão do dia 30 de agosto de 2016, havíamos estudado o texto
da Revista
Espírita de fevereiro
de 1864 – Dissertações espíritas – "Estudos
sobre a reencarnação",
e havíamos ficado com uma dúvida relativa à seguinte afirmativa
feita por Kardec em seu comentário à dissertação do Espírito: "É
assim que, de um mundo material como a Terra, pode ir habitar um
mundo superior, como Júpiter, se seu avanço moral e espiritual for
suficiente para dispensá-lo da passagem pelos graus intermediários.”
Evocamos
nosso professor Allan Kardec e lhe fizemos a seguinte pergunta:
1.
Caro mestre, gostaríamos de compreender melhor em que consiste o
adiantamento moral e o espiritual a que se refere Kardec no último
parágrafo do texto que estudamos, e como discernir um e outro.
Eis
a resposta que recebemos:
"Embora
possais eventualmente usar como sinônimos esse dois progressos, no
texto citado era necessário deixar claro que são progressos
distintos, pois relacionam-se a aspirações diferentes. O progresso
moral advém da compreensão das leis de Deus e do desejo de relações
sociais que possam tornar o mundo o melhor possível. Por isso, as
leis dos homens devem ser leis morais, se se quiser uma vida melhor
neste mundo. Notai que não precisa crer-se Espírito para desejar um
mundo melhor; porém, aquele que deseja progredir como Espírito deve
expandir suas aspirações e almejar mais do que a moralização do
mundo pela mudança de seu comportamento; deve desejar as moradas
felizes, a vida dos Espíritos superiores, acrescentando ao seu bem
proceder essa nova aspiração; deve dar à vida material um valor
relativo, usufruindo dela apenas o necessário para atingir o
objetivo a que está destinado por Deus: progredir como Espírito
imortal e aspirar a suprema felicidade, que é ser Espírito puro.
Pode-se dizer então que o progresso espiritual seria conhecer a
verdade para viver de acordo com a verdade, não mais circunscrito a
um mundo, mas na plenitude da unidade Divina."
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Allan Kardec – Psicografada em 30/08/2016 >>
GEAK
- Sessão do dia 22/11/2016
Nesta
sessão nós relemos a resposta reproduzida acima e fizemos mais
algumas reflexões sobre o tema, que nos tem despertado vivo desejo
de compreender melhor.
Na
sequência evocamos o Espírito de Bertrand Russell, para ditar uma
dissertação sobre o progresso espiritual, que ele já nos havia
prometido. Ele ditou o seguinte:
“Amigos,
sinto-me feliz pelo chamado, e sou grato pela consideração que
guardam por mim. Depois de organizar melhor as minhas ideias sobre o
tema, sinto-me mais seguro de, agora, ditá-las ao médium e de
submetê-las a vocês, espíritas. Agradeço especialmente aos
Espíritos que me ajudaram a ter noções mais justas sobre o
progresso espiritual, entendido, é bom que se diga, na perspectiva
que estavam debatendo desde há algumas semanas, diferindo-o
essencialmente do progresso moral.
No
começo do seu progresso, em mundos ainda imperfeitos, o Espírito
experimenta uma forma de ignorância não viciosa e de uma
simplicidade não virtuosa, mas pouco a pouco as reencarnações vão
lhe auxiliando a desenvolver uma diferenciação progressiva em
relação ao que ele era no momento em que foi criado. Bem se vê que
na fase inicial mão invisível o sustenta e o guia até que, pela
experiência, a verdadeira responsabilidade lhe pese sob os ombros e
seu livre-arbítrio já esteja suficientemente desenvolvido para que
sofra as consequências de suas escolhas. Aos poucos sua consciência
já o adverte, e embora suas noções de bem e de mal ainda precisem
de muitos aprimoramentos, já incide sobre ele a justiça de Deus,
com relação aos seus próprios atos e de acordo com o seu
conhecimento das coisas. É então nesse momento que uma segunda
forma de ignorância – o desprezo voluntário daquilo que já se
sabe sobre o bem – pode fazer-se predominante, com exceção dos
Espíritos que desde o começo se decidem pelo bem.
Inicia-se,
então, a luta que caracteriza o progresso moral, marcada pelo
esforço por dominar as más inclinações, esforço esse que permite
que novas aspirações possam lentamente surgir. Na medida em que sua
consciência se amplia, pelo conhecimento do bem e dos deveres sempre
crescentes que ela lhe impõe – porque o bem sempre se amplia
indefinidamente, na medida em que o Espírito se habilita a voos mais
altos – o homem é chamado a empreender uma luta contra suas
imperfeições, seus fantasmas interiores, por vezes mais tenazes que
os maus Espíritos que o rodeiam, porque o assombram
ininterruptamente. Esse processo finda com a eliminação dos ditos
fantasmas, que cessam de exercer predomínio sobre as consciências
inseguras, receosas e incertas do que é o bem e das vantagens de
escolhê-lo.
Neste
ponto o Espírito já deseja o bem de todos, importa-se com seu
semelhante e esforça-se sem descanso para fazer-lhe o bem, mas
muitos progressos ainda lhe faltam até o pleno gozo daquilo que
intitulo de suas faculdades
divinas.
O progresso espiritual, então, funda-se na necessidade de
complementar o progresso moral, a fim de dar cumprimento ao mais
profundo ensinamento do Cristo, ensino que eu, em minha última
existência terrena, não compreendi: “Amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo.” Deve, assim, o Espírito
elevar-se ainda mais, fazendo da aspiração de unir-se a Deus, por
um amor lúcido e racional, o seu móvel, a sua marca, o seu
objetivo. É desse modo que o Espírito logra ascender cada vez mais
a moradas mais purificadas, de maneira que possa assumir um dia as
tarefas nos conselhos do Onipotente, tomando, em definitivo, o lugar
que lhe cabe na obra da criação.
Após
as considerações precedentes, um conselho lhes deixo: elevem-se,
amigos; cultivem o solo de suas almas para que as sementes que estes
sábios Espíritos vêm delicadamente lançar sobre todos, germinem e
produzam bons frutos. Logo mais, vencidas as dificuldades morais que
nos têm caracterizado, logo ali, digo eu, porque hoje eu posso
sondar a imensidão, todos poderemos, ascendendo a montanha do
progresso espiritual, gozar do pleno amor de Deus; então, teremos
realizado o objetivo para o qual fomos, desde a nossa origem,
criados.”
Adeus,
amigos. Até breve! –
Russell –
Psicografada em 22/11/2016.
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