quarta-feira, 28 de junho de 2017

O Espiritismo em Bordeaux


Se Lyon fez o que se poderia chamar o seu pronunciamento em face do Espiritismo, Bordeaux não ficou atrás, porque quer também tomar um dos primeiros lugares na grande família. Pode-se julgar pelo relato que damos, da visita que acabamos de fazer aos espíritas dessa cidade, a seu convite. Não foi em alguns anos, mas em alguns meses, que a Doutrina ali tomou proporções imponentes em todas as classes sociais. Constatamos, logo de início, um fato capital. É que lá, como em Lyon e em muitas outras cidades que visitamos, vimos a Doutrina encarada do mais sério ponto de vista e sob o das suas aplicações morais. Ali, como alhures, vimos inumeráveis transformações, verdadeiras metamorfoses; caracteres hoje irreconhecíveis; gente que em nada cria, trazida às ideias religiosas pela certeza do futuro, para eles agora palpável. Isto dá a medida do espírito que reina nas reuniões espíritas, já muito multiplicadas. Em todas as que assistimos, vimos o mais edificante recolhimento e um ar de mútua benevolência entre os assistentes. As pessoas se sentem num meio simpático, que inspira confiança.
 
Os operários de Bordeaux nada ficam a dever aos de Lyon. Ali se contam numerosos e fervorosos adeptos, cujo número aumenta todos os dias. Sentimo-nos feliz em dizer que saímos de suas reuniões, edificados pelo piedoso sentimento que as preside, bem como pelo tato com o qual sabem guardar-se contra a intrusão dos Espíritos enganadores. Um fato que constatamos com satisfação é que homens, por vezes em posição social eminente, se misturam aos grupos plebeus com a mais fraterna cordialidade, deixando os títulos à porta, assim como simples trabalhadores são acolhidos com igual benevolência entre os grupos de uma outra classe social. Por toda parte o rico e o operário se apertam as mãos cordialmente. Disseram-nos que essa aproximação dos dois extremos da escala social entrou nos hábitos da região e nos felicitaram por isto. As pessoas reconhecem que o Espiritismo veio dar a esse estado de coisas uma razão de ser e uma sanção moral, mostrando em que consiste a verdadeira fraternidade.
 
Encontramos em Bordeaux muito numerosos e muito bons médiuns em todas as classes, de ambos os sexos e de todas as idades. Muitos escrevem com grande facilidade e obtêm comunicações de alto alcance, o que, aliás, os Espíritos nos haviam revelado antes de nossa partida. Não se pode senão elogiá-los pelo devotamento com que prestam seu concurso nas reuniões. Mas o que é ainda melhor é a abnegação de todo o amor-próprio a respeito das comunicações. Ninguém se julga privilegiado e intérprete exclusivo da verdade. Ninguém procura impor-se nem impor os Espíritos que os assistem. Todos submetem com simplicidade o que obtêm ao julgamento da assembleia, e ninguém se ofende nem se fere com a crítica. Aquele que recebe falsas comunicações consola-se aproveitando as boas que outros obtêm e dos quais não têm ciúmes. Dá-se o mesmo em toda parte? Ignoramos. Constatamos o que vimos; constatamos, também, que se compenetraram do princípio de que todo médium orgulhoso, ciumento e suscetível não pode ser assistido por bons Espíritos e que nele tal capricho é motivo de suspeita. Longe, pois, de buscar tais médiuns, se são encontrados, a despeito da eminência de sua faculdade, eles seriam repelidos por todos os grupos sérios, que querem, antes de tudo, ter comunicações sérias, e não visar os efeitos.
 
Entre os médiuns que vimos, há uma que merece menção especial. É uma jovem de dezenove anos que à faculdade de escrevente alia a de médium desenhista e músico. Ela fez mecanicamente, sob o ditado de um Espírito que disse ser Mozart, a notação de um trecho de música que não o desacreditaria. O Espírito assinou a partitura, e várias pessoas que viram os seus autógrafos atestaram a perfeita identidade da assinatura. Mas o trabalho mais belo é, sem contradita, o desenho. É um quadro planetário de quatro metros quadrados de superfície, de um efeito tão original e tão singular que nos seria impossível dar uma ideia pela descrição. É trabalhado em creiom preto, pastel de diversas cores e esfuminho. O quadro, começado há meses, ainda não está terminado. É destinado pelo Espírito à Sociedade Espírita de Paris. Vimos a médium à obra e ficamos maravilhado, tanto com a rapidez quanto com a precisão do trabalho. Inicialmente, como treino, o Espírito a fez traçar, com mão livre e num único movimento, círculos e espirais de quase um metro de diâmetro e de tal regularidade, que se encontrou perfeitamente exato o centro geométrico. Nada podemos dizer ainda do valor científico do quadro. Mas, admitindo seja uma fantasia, não deixa de ser, como trabalho mediúnico, coisa bem notável. Como o original tinha de ser enviado a Paris, o Espírito aconselhou que o fotografassem, para ter várias cópias.
 
Um fato que devemos mencionar é que o pai da médium é pintor. Como artista, acha que o Espírito contrariava as regras da arte e pretendia dar conselhos. Assim o Espírito o proibiu de assistir ao trabalho, para que a médium não lhe sofresse a influência.
 
Até há pouco tempo a médium não havia lido nossas obras. O Espírito lhe ditou, para nos ser entregue à nossa chegada, que ainda não estava anunciada, um pequeno tratado de Espiritismo, com todos os pontos em conformidade com o Livro dos Espíritos.
 
Seria presunção enumerar os testemunhos de simpatia que recebemos e as atenções e delicadezas de que fomos objeto. Certamente haveria com que excitar o nosso orgulho, se não tivéssemos pensado que era uma homenagem prestada antes à Doutrina do que à nossa pessoa. Pelo mesmo motivo tínhamos hesitado em publicar alguns discursos pronunciados e que realmente nos deixam perplexos. Fazendo sentir nossos escrúpulos a alguns amigos e a vários membros da Sociedade, disseram-nos que esses discursos eram um indício da situação da Doutrina e que, sob tal ponto de vista, era instrutivo para todos os espíritas conhecê-los; que, por outro lado, sendo as palavras a expressão de um sentimento sincero, os que as tinham pronunciado poderiam sentir-se magoados, se por um excesso de modéstia, nos abstivéssemos de reproduzi-las. Poderiam ver nisto indiferença de nossa parte. Sobretudo esta última consideração nos determinou. Esperamos que os leitores nos julguem um espírita suficientemente bom para não trair os princípios que professamos, fazendo deste relato uma questão de amor-próprio.
 
Desde que transcrevemos esses diversos discursos, não queremos omitir, como traço característico, a pequena alocução recitada com uma graça encantadora e um ingênuo entusiasmo por um pequenino de cinco anos e meio, filho do Sr. Sabò, à nossa chegada ao seio dessa família realmente patriarcal, e sobre a qual o Espiritismo derramou a mancheias suas benfeitoras consolações. Se toda a geração que se ergue estivesse imbuída de tais sentimentos, seria permitido entrever como muito próxima a mudança que se deve operar nos costumes sociais e que, de todos os lados, é anunciada pelos Espíritos. Não penseis que aquela criança haja feito a sua pequena saudação como um papagaio. Não. Ele captou-lhe muito bem o sentido. O Espiritismo, no qual foi, por assim dizer, embalado, já é, para a sua jovem inteligência, um freio que ele compreende perfeitamente e que sua razão, desenvolvendo-se, não repelirá.
 
Eis o pequeno discurso do nosso amiguinho Joseph Sabò, que ficaria muito triste se não o visse publicado:
 
“Sr. Allan Kardec, permiti que a mais jovem de vossas crianças espíritas venha neste dia que ficará para sempre gravado em nossos corações, exprimir-vos a alegria causada por vossa vinda ao nosso meio. Ainda estou na infância, mas meu pai já me ensinou que são os Espíritos que se manifestam a nós; a docilidade com que devemos seguir seus conselhos; as penas e recompensas que lhes são atribuídas, e daqui a alguns anos, se Deus assim o permitir, também quero, sob vossos auspícios, tornar-me um digno e fervoroso apóstolo do Espiritismo, sempre submisso ao vosso saber e à vossa experiência. Em troca destas poucas palavras, ditadas por meu pequeno coração, conceder-me-eis um beijo, que não ouso pedir?”


 
(Revista Espírita, novembro de 1861)

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Sobre o Progresso Espiritual – (Bertrand Russel)

Na sessão do dia 30 de agosto de 2016, havíamos estudado o texto da Revista Espírita de fevereiro de 1864 – Dissertações espíritas – "Estudos sobre a reencarnação", e havíamos ficado com uma dúvida relativa à seguinte afirmativa feita por Kardec em seu comentário à dissertação do Espírito: "É assim que, de um mundo material como a Terra, pode ir habitar um mundo superior, como Júpiter, se seu avanço moral e espiritual for suficiente para dispensá-lo da passagem pelos graus intermediários.”

Evocamos nosso professor Allan Kardec e lhe fizemos a seguinte pergunta:

1. Caro mestre, gostaríamos de compreender melhor em que consiste o adiantamento moral e o espiritual a que se refere Kardec no último parágrafo do texto que estudamos, e como discernir um e outro.

Eis a resposta que recebemos:

"Embora possais eventualmente usar como sinônimos esse dois progressos, no texto citado era necessário deixar claro que são progressos distintos, pois relacionam-se a aspirações diferentes. O progresso moral advém da compreensão das leis de Deus e do desejo de relações sociais que possam tornar o mundo o melhor possível. Por isso, as leis dos homens devem ser leis morais, se se quiser uma vida melhor neste mundo. Notai que não precisa crer-se Espírito para desejar um mundo melhor; porém, aquele que deseja progredir como Espírito deve expandir suas aspirações e almejar mais do que a moralização do mundo pela mudança de seu comportamento; deve desejar as moradas felizes, a vida dos Espíritos superiores, acrescentando ao seu bem proceder essa nova aspiração; deve dar à vida material um valor relativo, usufruindo dela apenas o necessário para atingir o objetivo a que está destinado por Deus: progredir como Espírito imortal e aspirar a suprema felicidade, que é ser Espírito puro. Pode-se dizer então que o progresso espiritual seria conhecer a verdade para viver de acordo com a verdade, não mais circunscrito a um mundo, mas na plenitude da unidade Divina."

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GEAK - Sessão do dia 22/11/2016

Nesta sessão nós relemos a resposta reproduzida acima e fizemos mais algumas reflexões sobre o tema, que nos tem despertado vivo desejo de compreender melhor. 
Na sequência evocamos o Espírito de Bertrand Russell, para ditar uma dissertação sobre o progresso espiritual, que ele já nos havia prometido. Ele ditou o seguinte:

Amigos, sinto-me feliz pelo chamado, e sou grato pela consideração que guardam por mim. Depois de organizar melhor as minhas ideias sobre o tema, sinto-me mais seguro de, agora, ditá-las ao médium e de submetê-las a vocês, espíritas. Agradeço especialmente aos Espíritos que me ajudaram a ter noções mais justas sobre o progresso espiritual, entendido, é bom que se diga, na perspectiva que estavam debatendo desde há algumas semanas, diferindo-o essencialmente do progresso moral.

No começo do seu progresso, em mundos ainda imperfeitos, o Espírito experimenta uma forma de ignorância não viciosa e de uma simplicidade não virtuosa, mas pouco a pouco as reencarnações vão lhe auxiliando a desenvolver uma diferenciação progressiva em relação ao que ele era no momento em que foi criado. Bem se vê que na fase inicial mão invisível o sustenta e o guia até que, pela experiência, a verdadeira responsabilidade lhe pese sob os ombros e seu livre-arbítrio já esteja suficientemente desenvolvido para que sofra as consequências de suas escolhas. Aos poucos sua consciência já o adverte, e embora suas noções de bem e de mal ainda precisem de muitos aprimoramentos, já incide sobre ele a justiça de Deus, com relação aos seus próprios atos e de acordo com o seu conhecimento das coisas. É então nesse momento que uma segunda forma de ignorância – o desprezo voluntário daquilo que já se sabe sobre o bem – pode fazer-se predominante, com exceção dos Espíritos que desde o começo se decidem pelo bem.

Inicia-se, então, a luta que caracteriza o progresso moral, marcada pelo esforço por dominar as más inclinações, esforço esse que permite que novas aspirações possam lentamente surgir. Na medida em que sua consciência se amplia, pelo conhecimento do bem e dos deveres sempre crescentes que ela lhe impõe – porque o bem sempre se amplia indefinidamente, na medida em que o Espírito se habilita a voos mais altos – o homem é chamado a empreender uma luta contra suas imperfeições, seus fantasmas interiores, por vezes mais tenazes que os maus Espíritos que o rodeiam, porque o assombram ininterruptamente. Esse processo finda com a eliminação dos ditos fantasmas, que cessam de exercer predomínio sobre as consciências inseguras, receosas e incertas do que é o bem e das vantagens de escolhê-lo.

Neste ponto o Espírito já deseja o bem de todos, importa-se com seu semelhante e esforça-se sem descanso para fazer-lhe o bem, mas muitos progressos ainda lhe faltam até o pleno gozo daquilo que intitulo de suas faculdades divinas. O progresso espiritual, então, funda-se na necessidade de complementar o progresso moral, a fim de dar cumprimento ao mais profundo ensinamento do Cristo, ensino que eu, em minha última existência terrena, não compreendi: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Deve, assim, o Espírito elevar-se ainda mais, fazendo da aspiração de unir-se a Deus, por um amor lúcido e racional, o seu móvel, a sua marca, o seu objetivo. É desse modo que o Espírito logra ascender cada vez mais a moradas mais purificadas, de maneira que possa assumir um dia as tarefas nos conselhos do Onipotente, tomando, em definitivo, o lugar que lhe cabe na obra da criação.

Após as considerações precedentes, um conselho lhes deixo: elevem-se, amigos; cultivem o solo de suas almas para que as sementes que estes sábios Espíritos vêm delicadamente lançar sobre todos, germinem e produzam bons frutos. Logo mais, vencidas as dificuldades morais que nos têm caracterizado, logo ali, digo eu, porque hoje eu posso sondar a imensidão, todos poderemos, ascendendo a montanha do progresso espiritual, gozar do pleno amor de Deus; então, teremos realizado o objetivo para o qual fomos, desde a nossa origem, criados.”

Adeus, amigos. Até breve! Russell Psicografada em 22/11/2016.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Bertrand Russell - Entrevista sobre vários assuntos

Bertrand Russell
Entrevista sobre vários assuntos

 
Como dissemos no primeiro artigo que publicamos sobre a passagem de Bertrand Russell ao mundo dos Espíritos, tivemos outras conversas instrutivas com esse Espírito. As conversas que reproduzimos abaixo tratam ainda da sua situação atual como Espírito, da sua fé, da sua felicidade.

A primeira evocação havia sido feita por um médium do grupo na intimidade, mas agora queríamos evocá-lo no grupo. Assim, na sessão do GEAK do dia 29 de setembro de 2016 consultamos nosso presidente espiritual Santo Agostinho para saber se seria oportuna e útil a evocação do Espírito de Russell no grupo, e recebemos a seguinte resposta:

"Meus amigos,


O Espírito de Bertrand Russell poderá ser evocado por vós e será útil. Quando na Terra, Russell se inquietara para tornar este mundo um lugar mais justo e bom para se viver, ocupando-se com causas importantes para a vida neste planeta, mas foi depois da sua passagem ao mundo dos Espíritos que o seu círculo de ideias se estendeu, e novas aspirações desabrocharam em sua intimidade. Sua alma se comportou como a boa semente, que tinha em si um potencial divino, mas precisava de melhores condições para germinar e florescer; chamai-o, amigos, e ele virá de bom grado comunicar-se convosco.
"

Santo Agostinho.

Psicografada em 29/09/2016.

Observação: como havíamos tratado de outros assuntos, e já era tarde, deixamos para evocar Russell na sessão seguinte.

GEAK - Sessão do dia 04 de outubro de 2016

Antes da evocação lemos o item 282 do Livro dos Médiuns, cap. XXV - Das evocações - Questões sobre as evocações, do qual destacamos a 20ª questão:

20ª Para os Espíritos, a evocação é uma coisa agradável ou penosa? Eles vêm com satisfação quando chamados?

Isso depende do caráter deles e do motivo com que são chamados. Quando é louvável o objetivo e quando o meio lhes é simpático a evocação é para eles uma coisa agradável e mesmo atraente; os Espíritos se sentem sempre felizes pela afeição que lhes testemunhamos. Alguns há para os quais representa grande felicidade se comunicarem com os homens e que sofrem com o abandono em que são deixados. Mas, como já disse, isto igualmente depende dos caracteres deles. Entre os Espíritos também há misantropos que não gostam de ser incomodados e cujas respostas se ressentem do seu mau humor, sobretudo quando chamados por pessoas indiferentes, pelas quais eles não se interessam. Um Espírito nenhum motivo tem, muitas vezes, para atender ao chamado de um desconhecido que lhe é indiferente e que quase sempre é movido pela curiosidade; se ele vem, suas aparições, em geral, são curtas, a menos que a evocação vise a um fim sério e instrutivo. (O Livro dos Médiuns - Segunda parte - Das manifestações espíritas, cap. XXV - Das evocações - Questões sobre as evocações).

Evocação do Espírito de Russell.

Iniciamos dizendo ao Espírito estas poucas palavras: Antes de tudo, nós agradecemos por atender ao nosso chamado. O nosso propósito é nos instruir sobre temas relativos à vida espírita, e desejamos aprender com a sua sabedoria. Solicitamos ao nosso presidente espiritual que o ajude a escolher o médium mais próprio neste momento para lhe servir de intérprete. 

Havíamos elaborado as perguntas com antecedência, e as propusemos ao Espírito, que as respondeu por psicografia:

1. Que mundo o Sr. habita hoje, como Espírito?

- A Terra.



2. Poderia nos dizer se teve outras existências aqui na Terra, além da que foi Bertrand Russell? Se teve, fora também ateu?

- Sim, e me preparo ainda para voltar à Terra.



3. Já tendo tido outras existências, como, ao encarnar, não trouxe a intuição da imortalidade da alma, da existência de Deus? Ou havia uma intuição que se apagou com a vida na matéria?

- Eu trazia em mim a intuição de Deus... Essa força, dentro de mim, ansiava por respostas e cheguei a procurá-las, mas não consegui encontrar nada que fosse satisfatório, e fui abafando a intuição que trazia comigo. Também via que a crença de muitos espiritualistas não os tornava melhores, e julguei que seria dispensável a crença em Deus para a felicidade.



4. Na sua comunicação que lemos hoje, o Sr. diz ter conversado com Espíritos superiores. Poderia nos dizer se eles vinham até o Sr. ou o Sr. ia até eles?

- Pude ir até eles. O Universo é um oásis sem limites para quem quer aprender. Podemos visitar os mundos, conhecer Espíritos sábios, dialogar com eles.



5. Quando na Terra, não teve oportunidade de conhecer o Espiritismo?

- Ouvi falar do Espiritismo, mas nunca o estudei a fundo; eu o considerava uma superstição, como tantas outras.



6. Poderia nos esclarecer sobre as condições de seu perispírito, quando saiu da perturbação após a morte?

- Vou tentar ser claro, mas o médium tem uma ideia preconcebida sobre o assunto. Eu estava vivo, reconheci que era eu mesmo, mas estava leve, limpo... Meu perispírito tinha uma aparência mais bela, eu havia rejuvenescido, e pude me locomover com facilidade.



7. Que conselhos o Sr. daria a este grupo, que o admira e respeita?

 - Posso dizer hoje a vocês que o trabalho para a depuração do Espírito é pela fé ativa, como dizem esses bons amigos; procurem desenvolver essa fé que supera os obstáculos interiores, as muralhas do orgulho, que vence o amor próprio. Quero também dizer que o triunfo de uma ideia se percebe pelos seus efeitos, e somente quando uma pessoa se esforça para vivê-la é que poderão, os que estão ao seu redor, melhor se convencer de que esta ideia pode levar a ações mais nobres e justas, a uma vida ética. 

Pensem nisso, e contem sempre com o amigo,
 
Russell.

 Psicografada em 04/10/2016
.
Na sequência, recebemos os seguintes esclarecimentos do nosso presidente espiritual Santo Agostinho:

"Ainda muito jovem, Russell confrontou as ideias disponíveis sobre Deus com sua razão, e tornou-se incrédulo porque nada parecia alimentar o seu intelecto, tomando como quimeras e fantasias todos os sistemas religiosos que pôde conhecer. Atravessou a prova da incredulidade, o que não o impediu de cultivar em sua alma ideias liberais e muito justas sobre a moral e a vida em sociedade; embora não tivesse aspirações espirituais, mantinha um senso investigativo que também o caracterizou para além da matéria. Não tendo ainda migrado para mundos superiores, pôde ainda assim visitá-los, porque dispõe de liberdade para isso, e segue hoje buscando ideias e desenvolvendo recursos para voltar novamente à Terra e trabalhar ainda mais pelo seu progresso e pelo dos homens em geral. Russell aspira, na equação da sua próxima existência, somar a fé humana com a divina, e deseja obter resultados cada vez maiores de liberdade e de amor a Deus. Se ainda vai se encarnar em vosso mundo, o faz sem desânimo e consciente de que dependerá dele mesmo utilizar da encarnação para depurar-se e deixar a Terra porque não necessitará mais dela, de modo a matricular-se em outra escola, mais aprimorada e mais perfeita."

Santo Agostinho.

 Psicografada em 04/10/2016.

GEAK - Sessão do dia 11 de outubro de 2016.

Para esta sessão preparamos mais algumas perguntas a serem dirigidas ao Espírito que iríamos evocar, como segue:

Foi-nos dito, na primeira comunicação que recebemos e julgamos ser de sua autoria, o seguinte: Venturoso é aquele que encontra seus amores e dialoga com seus pares: uma nova Matemática, uma nova Filosofia, um novo saber científico, uma nova expressão do amor.



1. Poderia nos falar um pouco sobre o que seria essa nova expressão do amor?


2. O Sr. fora dedicado estudioso de várias áreas do conhecimento científico, mas não admitia a sobrevivência da alma. Poderia nos dizer de que maneira os conhecimentos adquiridos, quando no corpo, contribuíram para sua felicidade como Espírito?


3. Se foi o Sr. que se comunicou quando o evocamos na sessão anterior, poderia nos dizer a que se deveu a dificuldade de desenvolver melhor as repostas, e mesmo deixar de responder a algumas questões?

Após a evocação, o Espírito escreveu a seguinte comunicação, sem se ater a cada pergunta, mas respondendo-as em sequência:

"Amigos,



Encontrando hoje melhores condições, quero responder a contento as perguntas que me foram dirigidas.
 Ainda habito a Terra, mas posso visitar outros mundos, outros sistemas, outras galáxias; para aqueles que, mesmo imperfeitos, desejam se instruir verdadeiramente e carecem de claridades novas, Deus oferece essa possibilidade, mas para habitar um mundo melhor é necessário alcançar uma espécie de maturidade espiritual e uma cidadania moral que ainda não possuo; a cada um cabe desenvolver condições próprias que o habilitem a uma liberdade mais ampla, e o credenciem a voos mais altos, belos e instrutivos.


Quando estive no corpo, busquei todas as ideias que estavam ao meu alcance sobre Deus, o destino, a imortalidade, mas tudo o que encontrei não parecia saciar minha sede; mesmo o Espiritismo, que conheci superficialmente, tomei como uma superstição infundada; com o tempo, fui-me acostumando com uma espécie de aridez espiritual, e julguei que a crença na imortalidade fosse dispensável para a felicidade humana. Combati muitas das ideias espiritualistas por julgá-las como quimeras, invencionices que alguns homens contam às crianças rebeldes com intenção de educá-las.

Em outras existências eu já havia dedicado meu tempo à religião e havia forjado uma fé, embora vacilante; todavia, minha convicção foi sendo abalada pela força das evidências que eu julgava possuir, e que indicavam que tudo aquilo em que um dia acreditei era absurdo; minha incredulidade foi construída com mais força na existência que vocês conhecem, mas confesso que o espírito do ateísmo, bem no fim da minha vida, já estava perdendo a força que tinha nos anos idos; morri desejando a vida, mas com a esperança, como disse a vocês, de que algo novo, uma vida nova, se abriria diante de mim.
 Hoje a aridez de minha alma cedeu, e tenho buscado beber na fonte que um dia dessedentará a humanidade; eu sempre acreditei na bondade, na justiça, no amor, e mais do que nunca esses valores atraem meu Espírito, com a diferença de que agora eu busco pô-los em prática para me aproximar desse Deus que até hoje, confesso, ainda me surpreende.


A nova expressão do amor é uma categoria, uma manifestação especial do amor, manifestação essa até então desconhecida para mim: o amor de Deus, que deve dar vitalidade aos nossos ideais; que deve ser combustível para que sacrifiquemos nossas paixões grosseiras, para que nos movimentemos com mais inteligência e vontade pelo bem do nosso semelhante. Esse amor que parte de uma relação genuína, profunda e legítima com Deus, eu não possuía, eu não conhecia.


O que meus anos de vida me permitiram aprender, os conhecimentos que desenvolvi, me ajudaram a apreciar melhor as coisas; a razão, como dizem vocês, se exercita com a prática, o raciocínio se aperfeiçoa por exercícios reiterados; a matemática e a lógica me ajudaram sobremaneira a utilizar melhor o juízo, a dominar melhor meus pensamentos, a não desistir de solucionar as questões, por mais complexas que fossem; as ciências, de uma forma geral, me inspiravam o desejo de conhecer mais, de me manter inquieto para investigar a vida material; mas foi a filosofia que me ajudou a buscar uma vida ética e a me questionar sobre o que deveríamos fazer para que a vida valesse a pena; eu não estava sozinho, como hoje não estou, e meus colegas seguem me ajudando a fazer uma investigação mais justa da realidade que me cerca e a transformá-la por meios éticos e constantes.


A dificuldade que enfrentei na comunicação anterior se deu porque o médium mais próprio a transmitir meus pensamentos opôs certa resistência, mas hoje aqui estamos, felizes pelo chamado, amigos, e esta oportunidade é motivo de gratidão a Deus e a esses sábios Espíritos, diante dos quais sou apenas aprendiz.
 Pela exiguidade do tempo, despeço-me dos amigos; poderei voltar outras vezes, para responder outras perguntas. Prometo ainda ditar uma dissertação sobre o progresso espiritual, mas irei meditar bem antes de fazê-lo; procurarei beber um pouco mais nas fontes puras da sabedoria, e voltarei para compartilhar com vocês o que pude aprender.

Aquele que foi na Terra,

Russell.
"

Psicografada em 11/10/2016.

Observação: O médium que serviu de intérprete na entrevista anterior, no dia 4 de outubro, estava inseguro, pois acreditava que outro seria o médium escolhido pelo Espírito, o que dificultou de certa maneira a captação clara das respostas dadas. Reproduzimos aqui os dois diálogos porque julgamos útil fazer constar que as comunicações com os Espíritos não são isentas de dificuldades e de escolhos, mas que isso não nos impede de obter boas instruções, se persistirmos.
 Visto em http://ipeak.net/ - 01/06/2017
 

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Diálogos com o Espírito de Bertrand Russell


Diálogos com o Espírito de Bertrand Russell
Filósofo que na Terra foi ateu e materialista



            Em o Livro dos Médiuns, item 292, que fala sobre a sorte dos Espíritos temos as seguintes orientações:

          21ª Podemos pedir aos Espíritos informações sobre a situação em que se encontram no mundo dos Espíritos?

          "Sim, e eles os dão de bom grado quando o pedido é ditado pela simpatia, ou o desejo de ser útil, e não pela curiosidade."

          22ª Podem os Espíritos descrever a natureza de seus sofrimentos ou de sua felicidade?

         “Perfeitamente, e as revelações desta espécie são um grande ensinamento para vós, porque vos iniciam no conhecimento da verdadeira natureza das penas e das recompensas futuras; destruindo as falsas ideias que fazeis a esse respeito, elas tendem a reanimar a vossa fé e a vossa confiança na bondade de Deus. Os bons Espíritos se sentem felizes em vos descrever a felicidade dos eleitos; os maus podem ser constrangidos a descrever seus sofrimentos, a fim de provocar neles o arrependimento; nisso encontram eles, às vezes, até uma espécie de alívio: é o desgraçado que se lamenta, na esperança de obter compaixão.

        Não esqueçais que o fim essencial, exclusivo, do Espiritismo é a vossa melhora e  é para o alcançardes que é permitido aos Espíritos vos iniciar na vida futura, oferecendo-vos exemplos de que podeis aproveitar. Quanto mais vos identificardes com o mundo que vos espera, menos lamentareis esse onde agora estais. Eis, em suma, o objetivo atual da revelação."

        Pois bem, seguindo essas orientações dadas pela Ciência Espírita, em nosso grupo evocamos o Espírito de um filósofo contemporâneo, que na Terra foi ateu e materialista, a fim de obter informações sobre sua passagem ao mundo dos Espíritos.
         
          Eis aqui alguns dados biográficos do filósofo que evocamos:

          Nascido em 1872 e falecido em 1970, Bertrand Russell foi um influente matemático, filósofo ateu e lógico que viveu no século XX. Popularizou a filosofia e a física, em livros de divulgação científica. Publicou mais de 40 livros a respeito de temas tão variados como educação, política, história, religião, ética, casamento e ciência. Sua grande contribuição, no entanto, deu-se no campo da lógica matemática e da filosofia analítica, de que foi um dos fundadores. Foi o vencedor, em 1950, do Premio Nobel de Literatura. Russell opôs-se constantemente à existência de armas nucleares desde a sua primeira utilização. Em 1955, Russell lançou o Manifesto Russell-Einstein, co-assinado por Albert Einstein e outros nove cientistas e intelectuais notáveis, um documento que levou à primeira das Conferências Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais em 1957.

        Em 1958, Russell tornou-se o primeiro presidente da Campanha para o Desarmamento Nuclear. Demitiu-se dois anos mais tarde, quando o CDN não o apoiou em um ato de desobediência civil, e formou o Comitê dos 100. Com quase noventa anos, em setembro de 1961, ele foi preso por uma semana por incitar a desobediência civil e por ter participado de uma grande manifestação chamada ban-the-bomb no Ministério da Defesa, mas a sentença foi anulada por causa de sua idade já avançada.

          No dia 30 de setembro 2008 Russell foi evocado na intimidade, por um dos médiuns do GEAK, para que falasse da sua passagem ao mundo dos Espíritos. Ele ditou o que se segue:

       Morrer é despir-se. É transitar nu em avenida movimentada. Uma nudez estranha, poderosa, constrangedora. A morte do materialista é difícil, mas por um lado melhor do que a de muitos espiritualistas. Quem se dedicou para merecer o céu, às vezes não o encontra, enquanto quem esperava desfazer-se não mergulha no nada, mas no todo. Minha morte foi isso: um mergulho em um mar gelado e real de vida incessante (e nu, como havia dito).

      Confesso que a proximidade do fim produz pensamentos contraditórios. As verdades consagradas tendem a perder a força, dando lugar a receios, desconforto e (para meu desespero) esperança. Esta gota de orvalho que refrescou minha alma na passagem colocou-me em situação inusitada: misto de entrega ao abismo com expectativa de algo novo. O corpo se despede da alma ainda a desejando. São como dois amantes que, mesmo sabendo da impossibilidade de continuar a relação, ainda arriscam beijos demorados de uma despedida inevitável que desejam prolongar.

        A nudez gélida na sibéria da realidade sacudiu-me. Estava vivo. Estava feliz. Como isso? Nada de céu, nada de Inferno. Sem anjinhos robustos a me esperar; sem criaturas chifrudas no meu encalço. Somente o frio e a solidão de minhas inquietações naquele momento novo.

        Passado esse período, que não posso precisar o tempo de duração, recebi visitas agradáveis e logo pude locomover-me para encontrar queridos amigos que, àquela altura já sabia, estavam vivos como eu. Experiências e experiências de felicidade! Venturoso é aquele que encontra seus amores e dialoga com seus pares: uma nova Matemática, uma nova Filosofia, um novo saber científico, uma nova expressão do amor. Bebi nas fontes mais puras da Sabedoria. Conheci relatos de cristãos da primeira hora, conheci passagens belíssimas dos ensinos de Buda. Dialoguei com Sócrates.

       O que é a morte? Para mim é vida. É estar religado ao Universo sem amarras, sem tormentos, sem necessidades, sem anseios.

         Perguntas-me como descobri Deus.

       Eu não o descobri. Ele se desvela. Ele se mostra. Ele é a totalidade racional que a razão obscurecida pela matéria e por nossos vícios não entende. Deus é o mais precioso mistério; é a abundante vida que todo ser aspira. Deus é o que nunca podemos ser, mas o que sempre podemos tocar, sentir, respirar. Deus foi o calor que senti após a gélida travessia. Em Deus repousa o sentido, e é nele que a busca cessa.

Russell.
Psicografada pelo Sr. C. C. M., em 30 de setembro de 2008.

     Observação: Evocamos esse filósofo muitas outras vezes, por diversos médiuns, e obtivemos dele instruções valiosas sobre temas morais, que compartilharemos com os usuários do IPEAK em breve.


 Visto em http://ipeak.net/ - 25/05/2017

domingo, 21 de maio de 2017

O Céu

 (Para ler no IPEAK, clique no link acima)

            1. - A palavra céu aplica-se em geral ao espaço indefinido que circunda a terra, e mais particularmente à parte que fica acima de nosso horizonte; vem do latim coelum, formado do grego coïlos, oco, côncavo, porque o céu parece aos olhos uma imensa concavidade. Os antigos acreditavam na existência de vários céus superpostos, compostos de matéria sólida e transparente, formando esferas concêntricas cujo centro era a Terra. Essas esferas girando em torno da Terra arrastavam consigo os astros que se encontravam em seu circuito.

Essa ideia, devida à insuficiência dos conhecimentos astronômicos, foi a de todas as teogonias que fizeram dos céus, assim escalonados, os diversos graus da beatitude; o último era a morada da suprema felicidade. Segundo a opinião mais conhecida, havia sete; daí a expressão: Estar no sétimo céu, para exprimir uma bem-aventurança perfeita. Os muçulmanos admitem nove céus, em cada um deles aumenta a felicidade dos crentes. O astrônomo Ptolomeu[1] contava onze, dos quais o último era chamado Empíreo[2], por causa da resplandecente luz que aí reina. Ainda hoje é o nome poético dado ao lugar da glória eterna. A teologia cristã reconhece três céus; o primeiro é o da região do ar e das nuvens; o segundo é o espaço onde se movem os astros; o terceiro além da região dos astros é a morada do Altíssimo, a morada dos eleitos que contemplam Deus frente a frente. É de acordo com esta crença que se diz que São Paulo foi transportado ao terceiro céu.

         2. - As diferentes doutrinas referentes à morada dos bem-aventurados repousam todas sobre o duplo erro de que a terra é o centro do universo, e que a região dos astros é limitada. É além desse limite imaginário que todas colocaram esse domicílio afortunado e a morada do Onipotente. Singular anomalia que coloca o autor de todas as coisas, aquele que as governa todas, nos confins da criação, em vez de colocá-lo no centro de onde a irradiação de seu pensamento podia se estender a tudo!
       
         3. - A ciência, com a inexorável lógica dos fatos e da observação, levou suas luzes até às profundezas do espaço, e mostrou o vazio de todas essas teorias. A terra não é mais o eixo do universo, mas um dos menores astros rolando na imensidão; o próprio Sol não é mais do que o centro de um turbilhão planetário; as estrelas são inúmeros sóis em torno dos quais circulam mundos incontáveis, separados por distâncias somente acessíveis ao pensamento, embora nos pareçam tocar-se. Neste conjunto, regido por leis eternas onde se revelam a sabedoria e a onipotência do Criador, a Terra aparece apenas como um ponto imperceptível, e um dos menos favorecidos para a habitabilidade. Desde logo se pergunta por que Deus teria feito dela a única sede da vida, e para aí teria relegado suas criaturas prediletas. Tudo, ao contrário, anuncia que a vida está em toda a parte, que a humanidade é infinita como o universo. Revelando-nos, a ciência, mundos semelhantes à Terra, Deus não podia tê-los criado sem objetivo; ele deve tê-los povoado com seres capazes de governá-los.

         4. - As ideias do homem são em razão do que ele sabe; como todas as descobertas importantes, a da constituição dos mundos deve ter-lhes dado outro curso. Sob o império desses novos conhecimentos, as crenças devem ter-se modificado: o céu foi deslocado; a região das estrelas, sendo sem limites, não pode mais servir-lhe? Onde está o céu? Diante desta pergunta, todas as religiões emudecem.

         O Espiritismo vem resolvê-la demonstrando o verdadeiro destino do homem. A natureza deste último, e os atributos de Deus sendo tomados por ponto de partida, chega-se à conclusão; ou seja, partindo do conhecido chega-se ao desconhecido por uma dedução lógica, sem falar das observações diretas que o Espiritismo permite fazer.

         5. - O homem é composto de corpo e de Espírito; o Espírito é o ser principal, o ser de razão, o ser inteligente; o corpo é o envoltório material que o Espírito reveste temporariamente para o cumprimento de sua missão na terra, e a execução do trabalho necessário ao seu avanço. O corpo, gasto, destrói-se, e o Espírito sobrevive à sua destruição. Sem o Espírito, o corpo não é mais do que uma matéria inerte, como um instrumento privado do braço que o faz agir; sem o corpo, o Espírito é tudo: a vida e a inteligência. Deixando o corpo, ele volta ao mundo espiritual de onde saíra para se encarnar.

         Há portanto o mundo corporal, composto dos Espíritos encarnados, e o mundo espiritual, formado pelos Espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, devido a seu envoltório material, estão ligados à Terra ou a qualquer outro globo; o mundo espiritual está em toda a parte, à nossa volta e no espaço; nenhum limite lhes é designado. Devido à natureza fluídica de seu envoltório, os seres que o compõem, em vez de se arrastar penosamente pelo chão, vencem as distâncias com a rapidez do pensamento. A morte do corpo é a ruptura dos vínculos que os mantinham cativos.

         6. - Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas com a aptidão de adquirir tudo e de progredir, em virtude de seu livre-arbítrio. Pelo progresso, eles adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções, e, por conseguinte, novos prazeres desconhecidos dos Espíritos inferiores; eles veem, ouvem, sentem e compreendem o que os espíritos atrasados não podem ver, nem ouvir, nem sentir, nem compreender. A felicidade é proporcional ao progresso realizado; de modo que, de dois Espíritos, um pode não ser tão feliz quanto o outro, unicamente porque não está tão avançado intelectual e moralmente, sem que eles precisem estar cada qual num lugar distinto. Embora estando um ao lado do outro, um pode estar nas trevas, ao passo que tudo é resplandecente à volta do outro, absolutamente como para um cego e alguém, que vê que se dão as mãos: um percebe a luz, a qual não faz nenhuma impressão no seu vizinho. Sendo a felicidade dos Espíritos inerente às qualidades que eles possuem, eles a obtêm em toda parte onde se encontrem, na superfície da Terra, em meio aos encarnados ou no espaço.
 
         Uma comparação vulgar fará compreender ainda melhor esta situação. Se num concerto se acham dois homens, um, bom músico com ouvido treinado, o outro sem conhecimento de música e com o sentido da audição pouco delicado, o primeiro experimenta uma sensação de felicidade ao passo que o segundo permanece insensível, porque um compreende e percebe o que não causa nenhuma impressão no outro. Assim se dá com todos os gozos dos Espíritos que são proporcionais à aptidão de senti-los. O mundo espiritual tem esplendores em toda parte, harmonias e sensações que os Espíritos inferiores, ainda submetidos à influência da matéria, nem mesmo entreveem, e que são acessíveis somente aos Espíritos depurados.

         7. - O progresso, entre os Espíritos, é fruto de seu próprio trabalho; mas, como eles são livres, trabalham em seu próprio avanço com mais ou menos atividade ou negligência, segundo sua vontade; apressam assim ou retardam seu progresso, e em consequência sua felicidade. Enquanto uns avançam rapidamente, outros ficam estagnados por longos séculos nas posições inferiores. São, portanto, os próprios artífices de sua situação, feliz ou infeliz, segundo esta máxima do Cristo: “A cada um segundo suas obras!” Todo Espírito que fica para trás só pode acusar a si mesmo, assim como aquele que avança tem todo o mérito por isso; a felicidade que conquistou tem ainda maior valor para ele.

         A bem-aventurança suprema é a partilha apenas dos Espíritos perfeitos, ou em outras palavras, dos puros Espíritos. Eles só a atingem depois de terem progredido em inteligência e em moralidade. O progresso intelectual e o progresso moral raramente andam lado a lado; mas o que o Espírito não faz num tempo, ele o faz num outro, de modo que os dois progressos acabam por atingir o mesmo nível. É por essa razão que se veem frequentemente homens inteligentes e instruídos, muito pouco avançados moralmente, e reciprocamente.

         8. - A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso intelectual, pela atividade que ele é obrigado a desenvolver no trabalho; ao progresso moral, pela necessidade que os homens têm uns dos outros. A vida social é a pedra de toque das boas e das más qualidades. A bondade, a maldade, a doçura, a violência, a benevolência, a caridade, o egoísmo, a avareza, o orgulho, a humildade, a sinceridade, a franqueza, a lealdade, a má fé, a hipocrisia, numa palavra, tudo o que constitui o homem de bem ou o homem perverso tem por motor, por objetivo e por estimulante as relações do homem com seus semelhantes; para o homem que vivesse sozinho, não haveria vícios nem virtudes; se, pelo isolamento, ele se preserva do mal, anula o bem.

         9. Uma única existência corporal é manifestamente insuficiente para que o Espírito possa adquirir todo o bem que lhe falta e desfazer-se de tudo o que nele é mau. Poderia o selvagem, por exemplo, numa única encarnação atingir o nível moral e intelectual do europeu mais avançado? Isso é materialmente impossível. Deve ele então permanecer eternamente na ignorância e na barbárie, privado dos gozos que só o desenvolvimento das faculdades pode propiciar? O simples bom senso repele tal suposição, que seria ao mesmo tempo a negação da justiça e da bondade de Deus, e a da lei progressiva da natureza. É por isso que Deus, que é soberanamente justo e bom, concede ao Espírito do homem tantas existências quantas forem necessárias para atingir o objetivo, que é a perfeição.

         Em cada nova existência o Espírito traz o que adquiriu, nas precedentes, em aptidões, em conhecimentos intuitivos, em inteligência e em moralidade. Assim, cada existência é um passo adiante na via do progresso.[3]
 
         A encarnação é inerente à inferioridade dos Espíritos; ela não é mais necessária para aqueles que ultrapassaram seu limite e que progridem no estado espiritual, ou nas existências corpóreas dos mundos superiores que não têm mais nada da materialidade terrestre. Da parte destes, ela é voluntária, tendo em vista exercer sobre os encarnados uma ação mais direta para o cumprimento da missão de que estão encarregados. Aceitam suas vicissitudes e sofrimentos por devotamento.

         10. - No intervalo das existências corpóreas, o Espírito volta por um tempo mais ou menos longo ao mundo espiritual, onde ele é feliz ou infeliz segundo o bem ou o mal que fez. O estado espiritual é o estado normal do Espírito, visto que deve ser seu estado definitivo, e que o corpo espiritual não morre; o estado corpóreo é apenas transitório e passageiro. É acima de tudo no estado espiritual que ele colhe os frutos do progresso realizado por seu trabalho na encarnação; é também então que ele se prepara para novas lutas e toma resoluções que se esforçará para pôr em prática no seu retorno à humanidade.

         O Espírito progride igualmente na erraticidade; adquire aí conhecimentos especiais que não poderia adquirir na Terra; suas ideias se modificam. O estado corporal e o estado espiritual são para ele a fonte de dois gêneros de progresso, solidários um do outro; é por isso que ele passa alternativamente por esses dois modos de existência.

         11. - A reencarnação pode ocorrer na Terra ou em outros mundos. Entre os mundos, há os que são mais avançados do que outros, onde a existência se realiza em condições menos penosas do que na Terra, física e moralmente, mas onde são admitidos apenas Espíritos chegados a um grau de perfeição compatível com o estado desses mundos.

         A vida nos mundos superiores já é uma recompensa, pois lá se está isento dos males e das vicissitudes dos quais se é alvo na Terra. Os corpos, menos materiais, quase fluídicos, não estão sujeitos às doenças, nem às enfermidades, nem às mesmas necessidades. Estando os maus Espíritos dali excluídos, os homens vivem em paz, sem outro cuidado senão o de seu avanço pelo trabalho da inteligência. Lá reinam a verdadeira fraternidade, porque não há egoísmo; a verdadeira igualdade, porque não há orgulho; a verdadeira liberdade, porque não há desordens a reprimir, nem ambiciosos tentando oprimir o fraco. Comparados à Terra, esses mundos são verdadeiros paraísos; são as etapas do caminho do progresso que conduz ao estado definitivo. Sendo a Terra um mundo inferior destinado à depuração dos Espíritos imperfeitos, é por essa razão que o mal aí domina até que Deus queira fazer dela a morada de Espíritos mais avançados.

         É assim que o Espírito, progredindo gradualmente à medida que se desenvolve, chega ao apogeu da felicidade; mas, antes de ter atingido o ponto culminante da perfeição, ele goza de uma felicidade relativa ao seu avanço. Tal como a criança saboreia os prazeres da primeira infância, mais tarde, os da juventude, e finalmente os mais sólidos da idade madura.

         12. - A felicidade dos Espíritos bem-aventurados não está na ociosidade contemplativa, que seria, como foi dito muitas vezes, uma eterna e fastidiosa inutilidade. A vida espiritual, em todos os níveis, é ao contrário uma constante atividade, mas uma atividade isenta de fadigas. A bem-aventurança suprema consiste no gozo de todos os esplendores da criação que nenhuma linguagem humana poderia exprimir, que nem a imaginação mais fecunda poderia conceber; no conhecimento e a penetração de todas as coisas; na ausência de toda dor física e moral; numa satisfação íntima, uma serenidade de alma que nada altera; no amor puro que une todos os seres, em consequência da ausência de todo atrito pelo contato com os maus, e acima de tudo na visão de Deus e na compreensão de seus mistérios revelados aos mais dignos. Ela está também nas funções em que se é feliz por ser delas encarregados. Os puros Espíritos são os Messias ou mensageiros de Deus para a transmissão e execução de suas vontades; eles cumprem as grandes missões, presidem à formação dos mundos e à harmonia geral do universo, tarefa gloriosa à qual só se chega pela perfeição. Unicamente os da ordem mais elevada compartilham os segredos de Deus, inspirando-se no Seu pensamento do qual são os representantes diretos.
       
         13. - As atribuições dos Espíritos são proporcionais ao seu avanço, às luzes que possuem, a suas capacidades, à sua experiência e ao grau de confiança que inspiram ao soberano Senhor. Não há privilégio, não há favores que não sejam o prêmio do mérito: tudo é avaliado pela estrita justiça. As missões mais importantes são confiadas somente àqueles que se sabe serem capazes de realizá-las e incapazes de falhar ou de comprometê-las. Enquanto sob o olhar do próprio Deus, os mais dignos compõem o conselho supremo, a chefes superiores é entregue a direção dos turbilhões planetários; a outros é conferida a dos mundos especiais. Vêm a seguir, na ordem do adiantamento e da subordinação hierárquica, as atribuições mais restritas daqueles que são encarregados da marcha dos povos, da proteção das famílias e dos indivíduos, da impulsão de cada ramo do progresso, das diversas operações da natureza até os mais ínfimos detalhes da criação. Neste vasto e harmonioso conjunto, há ocupação para todas as capacidades, todas as aptidões, todas as boas vontades, ocupações aceitas com alegria, solicitadas com ardor, porque é um meio de progresso para os Espíritos que procuram elevar-se.

         14. - Ao lado das grandes missões confiadas aos Espíritos superiores, há as de todos os graus de importância entregues aos Espíritos de todas as ordens; daí se poder dizer que cada encarnado tem a sua, ou seja, deveres a cumprir para o bem de seus semelhantes, desde o pai de família a quem incumbe o cuidado de fazer progredir seus filhos, até o homem de gênio que lança na sociedade novos elementos de progresso. É nessas missões secundárias que se encontram muitas vezes falhas, prevaricações, renúncias, mas que prejudicam apenas o indivíduo e não o conjunto.

         15. - Todas as inteligências concorrem, portanto, para a obra geral, seja qual for o grau a que tenham chegado, e cada uma na medida das suas forças; umas no estado de encarnação, outras no estado de Espírito. Em toda parte a atividade, do ponto mais baixo até o mais alto da escala, todas se instruindo, se ajudando mutuamente, estendendo a mão umas às outras para atingir o cume.

         Assim se estabelece a solidariedade entre o mundo espiritual e o mundo corporal, em outras palavras, entre os homens e os Espíritos, entre os Espíritos livres e os Espíritos cativos. Assim se perpetuam e se consolidam, pela purificação e continuidade das relações, as simpatias verdadeiras, as afeições santas.

         Em toda a parte, portanto, a vida e o movimento; nenhum canto do infinito que não seja povoado; nenhuma região que não seja incessantemente percorrida por inúmeras legiões de seres radiosos, invisíveis para os sentidos grosseiros dos encarnados, mas cuja visão arrebata de admiração e de alegria as almas desprendidas da matéria. Em toda a parte, enfim, há uma felicidade relativa para todos os progressos, para todos os deveres cumpridos; cada um traz em si os elementos de sua felicidade, relativa à categoria em que o coloca seu grau de adiantamento.

         A felicidade deve-se às qualidades próprias dos indivíduos, e não ao estado material do meio onde eles se encontram; ela existe então em toda a parte onde há Espíritos capazes de ser felizes; nenhum lugar circunscrito lhe é designado no universo. Seja qual for o lugar onde se encontrem, os puros Espíritos podem contemplar a majestade divina, porque Deus está em toda a parte.

         16. - Entretanto, a felicidade não é pessoal; se fosse tirada apenas de si mesmo, se não se pudesse compartilhá-la com outros, seria egoísta e triste; ela está também na comunhão de pensamentos que une os seres simpáticos. Os Espíritos bem-aventurados, atraídos uns para os outros pela semelhança das ideias, dos gostos, dos sentimentos, formam vastos grupos ou famílias homogêneas, nas quais cada individualidade irradia suas próprias qualidades, e é penetrada pelos eflúvios serenos e benfazejos que emanam do conjunto, cujos membros ora se dispersam para se dedicarem à sua missão, ora se juntam num ponto qualquer do espaço para comunicarem uns aos outros o resultado de seus trabalhos, ora se reúnem em volta de um Espírito de uma ordem mais elevada para receber seus conselhos e suas instruções.

         17. - Embora os Espíritos estejam em toda parte, os mundos são os centros onde eles se reúnem de preferência, devido à analogia que existe entre eles e aqueles que os habitam. Em torno dos mundos avançados são abundantes os Espíritos superiores; em torno dos mundos atrasados pululam os Espíritos inferiores. A Terra é ainda um destes últimos. Cada globo tem então, de alguma forma, sua própria população de Espíritos encarnados e desencarnados, a qual se alimenta na maior parte pela encarnação e desencarnação dos mesmos Espíritos. Essa população é mais estável nos mundos inferiores onde os Espíritos são mais apegados à matéria, e mais flutuante nos mundos superiores. Entretanto, dos mundos, centros de luz e de felicidade, Espíritos se desprendem rumo aos mundos inferiores para semear neles os germes do progresso, trazer a consolação e a esperança, reanimar as coragens abatidas pelas provações da vida, e às vezes encarnam-se neles para cumprirem sua missão com mais eficácia.

         18. - Nesta imensidão sem limites, onde está então o céu? Está em toda a parte; nenhuma cerca lhe impõe limites; os mundos felizes são as últimas estações que a ele conduzem; as virtudes abrem-lhe o caminho, os vícios proíbem-lhe o acesso.

         Ao lado deste quadro grandioso que povoa todos os cantos do universo, que dá a todos os objetos da criação um objetivo e uma razão de ser, como é pequena e mesquinha a doutrina que circunscreve a humanidade a um imperceptível ponto do espaço, que no-la mostra começando num dado instante para acabar igualmente um dia com o mundo que a sustenta, não abarcando assim senão um minuto na eternidade! Como ela é triste, fria e glacial, quando nos mostra o resto do universo antes, durante e depois da humanidade terrestre, sem vida, sem movimento, como um imenso deserto mergulhado no silêncio! Como é desesperante pela pintura que faz do pequeno número de eleitos devotados à contemplação eterna, enquanto a maioria das criaturas é condenada a sofrimentos sem fim! Como ela é aflitiva, para os corações amantes, pela barreira que coloca entre os mortos e os vivos! As almas felizes, diz-se, pensam somente em sua felicidade; as que são desgraçadas, em suas dores. É de espantar que o egoísmo reine na Terra, quando é mostrado no céu? Quão estreita é então a ideia que ela dá da grandeza, do poder e da bondade de Deus!

         Quão sublime é, ao contrário, a ideia que o Espiritismo dá! Como sua doutrina engrandece as ideias, amplia o pensamento! – Mas quem diz que ela é verdadeira? Inicialmente a razão, a revelação em seguida, depois sua concordância com o progresso da ciência. Entre duas doutrinas das quais uma diminui e a outra amplia os atributos de Deus; das quais uma está em desacordo e a outra em harmonia com o progresso; das quais uma fica para trás e a outra avança, o bom senso diz de que lado está a verdade. Que em presença das duas, cada um, em seu foro íntimo, interrogue suas aspirações, e uma voz interna lhe responderá. As aspirações são a voz de Deus, que não pode enganar os homens.

         19. - Mas então por que Deus, desde o princípio, não lhes revelou toda a verdade? Pela mesma razão de que não se ensina à infância o que se ensina à idade madura. A revelação restrita era suficiente durante um certo período da humanidade; Deus a proporciona às forças do Espírito. Aqueles que hoje recebem uma revelação mais completa são os mesmos Espíritos que já receberam uma revelação parcial em outros tempos, mas que desde então cresceram em inteligência.

         Antes que a ciência lhes tivesse revelado as forças vivas da natureza, a constituição dos astros, o verdadeiro papel e a formação da Terra, teriam eles compreendido a imensidão do espaço, a pluralidade dos mundos? Antes que a geologia tivesse provado a formação da Terra, teriam eles podido desalojar o inferno de seu centro, e compreender o sentido alegórico dos seis dias da criação? Antes que a astronomia tivesse descoberto as leis que regem o universo, teriam eles podido compreender que não há nem acima nem abaixo no espaço, que o céu não está acima das nuvens, nem limitado pelas estrelas? Antes do progresso da ciência psicológica teriam eles podido identificar-se com a vida espiritual? Conceber, após a morte, uma vida feliz ou infeliz, de outro modo que não num lugar circunscrito e sob uma forma material? Não; compreendendo mais pelos sentidos do que pelo pensamento, o universo era demasiado vasto para seu cérebro; era preciso reduzi-lo a proporções menores para colocá-lo sob seu ponto de vista, sob a condição de estendê-lo mais tarde. Uma revelação parcial tinha sua utilidade; ela era sábia então, hoje é insuficiente. O erro é daqueles que, não levando em conta o progresso das ideias, creem poder governar homens maduros como se fossem crianças. (Ver Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III)


[1] Ptolomeu vivia em Alexandria no Egito, no segundo século da era cristã.
[2] Do grego pur ou pyr, fogo.
[3] Veja-se a nota, cap. I, nº 3, nota 1.
 
 Visto em http://ipeak.net/ - 18/05/2017